Lucas e a Orquestra dos Prazeres estreiam novo show no Teatro Luiz Mendonça



Foto: Beto Figueiroa

Apresentação será nesta quinta-feira (13) e marca a gravação do primeiro DVD do grupo

Lucas e a Orquestra dos Prazeres estreiam o show Repercutir, no palco do Teatro Luiz Mendonça,  em Boa Viagem, nesta quinta (13). O percussionista Lucas dos Prazeres traz uma fusão dos elementos da cultura afro e da cultura popular do Nordeste, alargados em arranjos modernos e uma sonoridade de impressionar. Na apresentação, que inicia às 20h, o grupo terá diversas participações especiais, que integram à cena outras linguagens artísticas, como a poesia de Antônio Marinho, a percussão de Gilú Amaral, a dança de Dielson Pessoa, os traços de Feliciano dos Prazeres, a cadência do Afoxé Alafin Oyó e a melodia do grupo Sagaranna. A gravação do DVD Repercutir, de Lucas e a Orquestra dos Prazeres tem entrada franca. Os ingressos devem ser retirados na bilheteria do teatro, a partir das 17h, no dia do show.

Repercutir, contemplado pelo Prêmio Funarte de Arte Negra, marca a gravação do primeiro DVD da Orquestra dos Prazeres. O grupo consiste na união de duas categorias de família de Lucas: a dos instrumentos e a das pessoas, ambos cercados de afeto e colecionados ao longo da vida. Foi na Orquestra dos Prazeres que Lucas decidiu empregar sua criatividade musical para dar início a um projeto autoral, buscando dar à percussão – conhecida como a “cozinha” das bandas – o papel de protagonista no palco.

Para este show, a Orquestra, que originalmente conta com 23 integrantes, passou a contar com 30 músicos, devidamente contemplados na caixa cênica, assim como os instrumentos, de maneira que a “cozinha” deixa de ser o último compartimento da casa ou o fundo do palco, para ser “a casa”, ou seja, o palco é todo percussivo. Além dos instrumentos percussivos tradicionais, um baixo elétrico, uma viola e um set de percussão eletrônica encorpam essa volumosa musicalidade.
Em Repercutir, Lucas dos Prazeres une o toque e o canto para construir o seu próprio rito musical, numa perspectiva rica em história e sabedoria. “Quero mostrar a conexão forte, o respeito e o diálogo que temos com a natureza. Não quero fazer um show sobre religião. Eu quero fazer um show sobre cultura negra, sobre negritude, tendo os ensinamentos, os cuidados e a conscientização dessa realidade no Brasil”, explica o músico.

A dança, que também faz parte da trajetória de Lucas dos Prazeres, se faz presente durante todo o show, com participações do Afoxé Alafin Oyó, do grupo Sagaranna, e dos bailarinos Dielson Pessoa, Ana Paula Santos e Jamila Marques. A poesia ganha representatividade extra, com a participação de Antônio Marinho. As artes visuais têm um capítulo à parte, com as quatro telas pintadas por Feliciano dos Prazeres, primo de Lucas, especialmente para a ocasião. As imagens serão projetadas no fundo do palco, integrando-se ao VJing de Gabriel Furtado.

O roteiro do DVD está dividido em quatro atos, através dos quais Lucas procura mostrar os ciclos da vida, representados nas estações do ano. O espetáculo começa com o tempo de quietude, equivalente ao inverno, passa para a primavera, o tempo de florescer, segue para o verão, num convite para festejar a vida, e encerra com o outono. “A vida é assim: quando culmina, você nem sentiu a hora passar, já chegou a hora de se concentrar, pra ter coragem de pegar tudo que você acabou de viver nas estações anteriores, começar a se desprender do que não lhe serve mais, e entrar num novo ciclo”, conta Lucas dos Prazeres.

A Orquestra dos Prazeres inova nesse show, trazendo a releitura de obras musicais consagradas, como África Brasil (Zumbi), de Jorge Ben Jor, Semba dos Ancestrais, de Martinho da Vila, e Zumbi (Felicidade Guerreira), de Gilberto Gil, transformando-as em peças percussivas. Uma sinfonia para percussão, do senegalês Doudou N'diaye Rose, faz parte do repertório e homenagens aos griôs da cultura negra em Pernambuco também sobram no programa, com referência a Badia, a mãe de santo do Pátio do Terço, uma das mais reverenciadas e antigas da cidade, Zé Neguinho do Coco, mestre coquista, e mestre Joab, símbolo da capoeira.

Serviço:

Lucas e a Orquestra dos Prazeres - Gravação do DVD Repercutir
13 de novembro

20h

Teatro Luiz Mendonça - Parque Dona Lindu

Av. Boa Viagem, S/N - Boa Viagem

Entrada Franca - Os ingressos devem ser retirados na bilheteria do teatro, a partir das 17h, no dia do show.

Acessibilidade – O show de Lucas e a Orquestra dos Prazeres, no Teatro Luiz Mendonça, também é um convite para quem não ouve mas se emociona. A comunidade surda poderá contemplar o espetáculo, que será interpretado em Libras – Linguagem Brasileira de Sinais. A tradutora, Poliana Alves, encara um desafio duplo, que é não só transformar a música em gestos, mas também traduzir o yorubá para o português, já que muitas das músicas cantadas por Lucas são no idioma africano.

O artista – Lucas, na essência da palavra, quer dizer “aquele que traz a luz”, e a música foi o instrumento encontrado pelo percussionista e arranjador para iluminar o mundo. Lucas dos Prazeres é um artista versátil, que vive, sente e respira música, unindo a sensibilidade das mãos com a consciência corporal. Percute em tudo, seja instrumento ou não. Sua liberdade poética lhe permite fazer música em qualquer superfície, por isso usa também latas, baldes e tampas de panelas em suas apresentações.

Além de tocar com nomes reconhecidos da cena musical brasileira, como Lula Queiroga, Elba Ramalho, SpokFrevo Orquestra e Geraldo Maia, Lucas dos Prazeres estabeleceu também importantes parcerias em projetos com os músicos Vitor Araújo e Vinicius Sarmento, a banda Rivotrill e o Quarteto Capibaribe.

Orquestra – O embrião da Orquestra dos Prazeres foi gerado em 2009. Fruto de uma equação que soma música, resgate da cultura popular e valorização da ancestralidade afro, o grupo estreou em 1º de dezembro de 2011. A história da banda tem um forte laço com a trajetória do Morro da Conceição e seus moradores. Este bairro do Recife é conhecido por sua mobilização popular e festejos que abraçam uma multitude de cores e referências de diversas matizes. Lucas foi aluno e professor do Centro de Formação do Educador Popular Maria da Conceição, onde a educação caminhava de mãos dadas com a música, a dança e as artes plásticas.

A experiência acumulada em incursões artísticas e sociais trouxe a Lucas o desejo de aplicar uma nova nuance ao desenvolvimento de uma banda. Para o maestro, a reunião de talentos ultrapassa o simples ato de tocar acordes, para tocar vidas. "Nos consideramos um laboratório de sons, por que antes de tudo somos um laboratório de almas: cada um aqui tem sua história e imprime um pouco de si na sonoridade final. Esse é o nosso diferencial: nos damos espaço para ouvirmos e sermos ouvidos, para ensinar e principalmente aprender uns com os outros”, afirma o músico, que traz para o palco uma grande variedade de instrumentos percussivos adquiridos através das viagens e turnês pelo mundo em seus 18 anos de carreira, refletindo a busca por harmonia através da diversidade.

O espetáculo ultrapassa o simples ato do canto ritmado e adquire contornos maiores ao abrir espaço para a doação total de cada integrante ao seu instrumento. De acordo com Lucas, cada tambor, pandeiro, xequerê ou ganzá é uma extensão do corpo de quem o manipula: "O instrumento de percussão simboliza o início de tudo, ele é o ancestral de toda a família musical, nasce do nosso próprio movimento. Nada mais natural do que em certa altura do espetáculo nos encontremos tão imersos a ponto de sermos guiados por eles, nos expressando de forma corporal, com muita paixão", explica.

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