Entrevista



           Isaar

Por Jaciana Sobrinho
Fotos: Divulgação 

Filha de uma família apaixonada por música e dona de uma voz marcante, para Isaar, o caminho entre as participações nas manifestações culturais do Recife e a carreira artística foi algo tão natural que ela nem se considerava artista. A cantora e compositora integrou a banda Comadre Fulozinha. Também participou do projeto DJ Dolores & Orquestra Santa Massa, e do DJ Dolores & Aparelhagem, do qual era cantora principal e coautora de inúmeras músicas. Em 2006, uma faixa do disco Azul claro foi selecionada para compor a Coletânea World 2006 (BBC de Londres), na qual o Brasil foi representado por duas músicas: a de Isaar e outra de Gal Costa. Com mais de 15 anos de carreira e três discos da carreira solo, prepara-se para mostrar seu mais recente trabalho – Todo calor – no sudeste e sul brasileiros e também na Europa. Ela conta tudo isso na entrevista a seguir.

1 – Você ficou conhecida como integrante da banda Comadre Florzinha, participou de projetos de DJ Dolores, além de participar dos discos de diversos artistas. Qual a sensação de colocar no mundo o terceiro CD solo?

Eu pouco pensei sobre isso, porque os discos ficam prontos e pronto. Eu fico matutando sobre o que cantar, fico compondo, ouvindo uma coisa, outra... E então dá aquele estrondo. Vamos nos preparar para gravar... E foi assim o processo com os três. Hoje eu ando rabiscando um próximo produto que pode ser um novo cd. Cada trabalho, cada banda que me convida é como um convite para entrar na casa dela. E você conhece novas influências. É bacana e sou muito feliz de estar sempre sendo lembrada por amigos e por novos artistas. Isso vai arrumando e desarrumando a cabeça até o objetivo de mostrar pra o mundo, pra cidade, para os fãs, amigos, parentes... 



2 – Como você enxerga sua maturidade musical e as diferenças entre os seus três discos?

Cada vez que eu termino um disco eu penso: “Agora sim eu sou uma cantora”. Nesse eu senti mais segurança no canto e nas canções. Escolhi Bernardo Vieira como produtor. Ele me deixou muito a vontade e também aprendi muito. Todo calor é muito mais desencanado, porque não tem interesse em querer ser de um ou de outro estilo. Tem o interesse sim de chegar aos ouvidos das pessoas, porque foi feito para elas. E não é uma questão mercadológica, claro, todo mundo quer vender bem seu produto, mas acho importante o Recife ouvir esse disco.

 3 – Como é essa relação com o Recife que você quis mostrar no seu mais recente trabalho?

A cidade me proporcionou cantar tudo isso que compõe o disco. Na verdade não é uma homenagem, mas a tentativa de um retrato musical do centro da cidade. Do caos urbano onde o Recife se meteu e onde eu me meti, porque resolvi morar no centro da cidade e me dispus a ouvir o que entra pela minha janela e pela janela do ônibus.

 4 – E sua relação com a música, quando começou e como é? Em que momento você disse a si mesma que cantar é seu ofício?

Eu ainda preciso dizer isso todo dia. Minha família é muito apaixonada por música popular. Meu avô cantava seresta, minha tia, meu pai, meus primos e irmãos, todos têm um afeto muito grande por música. Cantávamos nas festas de família e achava que era normal saber cantar. Era festa, alegria e pronto. A banda Comadre Fulozinha foi meu primeiro trabalho, ganhávamos cachê, mas mesmo assim eu achava que era um momento lindo (e foi mesmo), normal da juventude e que a vida real ia bater já já me levando de volta às festinhas em casa  nos finais de semana. A vida real era tudo isso junto com as contas pra pagar. Mas a relação com os músicos, as viagens, os cachês, a estrada criaram o ofício.

5 – Sobre o cenário musical no Recife, qual sua opinião? O que você destaca?

Bons estúdios, boas bandas, bons palcos, equipamentos, músicos novos sempre. Tem muita gente boa nesta cidade. Dá pra destacar, na certeza de que vou me esquecer de vários: Júnior Areia, Jam da Silva, Deco Santos, Do Jarro, Parrô, Aninha Martins, Graxa, Juliano Holanda, Zé Manoel, Lula, Yuri e Ylana Queiroga, Isadora Melo, Nilton Júnior e Cássio Sette são artistas e músicos que gosto de ver e ouvir. Em relação aos meios de comunicação, somos salvos pela internet, mas muitos artistas precisam e merecem mais. 

6 – Você desenvolve algum trabalho em outra linguagem artística? Conte para nós.

Ainda não produzi nada em audiovisual, mas tenho uns rabiscos de roteiro que pretendo concluir e quem sabe produzir em algum momento.

7 – Quais os seus planos no momento? Em que projetos você está envolvida?

Estou produzindo a trilha para um espetáculo de dança e trabalhando para lançar o CD Todo calor no Rio de Janeiro, em São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Brasília e Curitiba. Não está fácil, mas estamos firmes. Também viajo com DJ Dolores para mais uma turnê europeia em novembro.

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